quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Abra uma Porta



Mal e mal começou e este blog será obrigado a dar um tempo... Não são propriamente férias - de férias eu estou agora (ainda), e isso vai acabar logo, no máximo mais alguns dias, e tudo vai voltar ao ritmo normal, ou seja, acelerado, nada mais da ilha de paz e tranquilidade deste momento, quando tenho todo o tempo do mundo pra seguir minhas preferências.

Não conclui, como era o primeiro intento, minha reflexão sobre A Noite Escura da Alma: a culpa, o castigo e o perdão - eu sempre me meto a tentar resumir em poucas palavras coisas que mereceriam teses ou tratados e, obviamente, nunca dou conta. Também, nunca tive a pretensão de possuir alguma verdade definitiva que pudesse dar um ponto final em assuntos tão complexos... Só quero é apresentar o meu entendimento, até mesmo porque não há nada mais que eu possa fazer senão isso.

Claro que vou voltar ao assunto, até porque ele mal e mal foi arranhado na superfície e este tem sido um tema importante para mim agora - quando estou me libertando de culpas e assumindo um novo momento na vida, mas não vou forçar a barra comigo mesmo me apressando para chegar a conclusões artificiais. Isto aqui surgiu para ser muitas coisas, não uma só - um painel do mundo variado, da vida mutante e mutável, das impressões fugazes, das impermanências... Tudo o que vive um dia nasceu. Tudo o que um dia nasceu não era nada antes de passar a ser. Tudo o que um dia passou a ser morrerá. Aquilo o que conhecemos, tudo no que acreditamos, tudo o que somos... A vida é fugaz como a chama de uma vela que se acende, brilha por algum tempo e depois se apaga. Simples assim.

Cada um de nós não passa de mais um na multidão e temos todos, o tempo inteiro, que sobreviver a um enorme volume de informações, imagens, vozes, dados e discursos de todo tipo. Viver é movimentar-se em meio a paradoxos, inconsistências e incertezas. Ainda que Deus exista e dite o modo de vida correto, estamos condenados à dúvida e ao livre-arbítrio. Eis o mundo onde tudo é possível, onde todas as verdades absolutas e acabadas são obrigadas a conviver entre si como absolutamente iguais ou equivalentes. A História é sempre história do presente, faz parte do discurso de sua própria época ou da forma contemporânea de entendimento do mundo, por mais que se refira ao passado. E o mundo presente é impalpável, impermanente, caótico, volátil - um abismo sem fundo povoado de vozes e imagens e ruídos. Tudo o que há de mais importante para se saber é que, por mais que saibamos, nunca sabemos nada. A única conclusão que a vida oferece é a morte e, se existe algo depois, não nos cabe saber - pode-se, no máximo, acreditar - o mais é vaidade.

Em 2012 o bicho pegou: perdi meu pai, fiz alguns inimigos, entrei num acordo de armistício com alguns outros nem tão inimigos assim para que nos mantivéssemos cada qual na sua enquanto havia assuntos mais complicados para resolver, concluí um curso universitário na idade madura, antevéspera de ficar velho – e assisti de camarote o fim do mundo... No dia marcado para o Apocalipse eu, agora órfão, estava viajando em férias para ver minha mãe, agora viúva. Toneladas de fardos pesados foram descarregados do lombo e restava agora uma exaustão, um cansaço acumulado, uma fome voraz e muito sono atrasado... Nada de aventuras até a reinauguração do mundo, mais recolhimento e descanso, recuperar as forças e manter a concentração para o trabalho que ainda vem por aí: nada menos que construir o mundo novo.

A morte é inevitável e irresistível quando chega a hora, e ela presenteia os vivos com a percepção da eternidade; os inimigos são necessários para que possamos definir quem realmente somos, assim como os reflexos no espelho nos mostram ao contrário para nós mesmos. Neste momento não há crise, tudo está fácil e suave, e fica difícil levar este texto a uma conclusão que nem existe. Depois de ter escrito tudo isso que está aí acima, o que resta? Sem crise não há arte, como sem dor não há alívio... Ah, sei lá, desisto por enquanto. Vamos abrir uma porta!...

Um comentário:

  1. Só horas depois de escrever e postar alguma coisa, quando a gente "meio que esquece" e volta pra rever o que fez é que dá para ter uma noção... Caramba! que texto mais estranho,não parece com nada que eu mesmo tenha escrito... Relaxa, cara!... Solte-se mais nesses textos. Abra o raio da porta de uma vez!

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