A culpa
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Primeiro dia
do ano de 2013, nem 05h30min da manhã, ainda escuro lá fora e tão silencioso
quanto possível no centro de uma cidade como Curitiba em um feriado que ainda
nem clareou. Uma abelha perdida se deixa atrair pela luz e bate-se em desespero
entre o monitor e a luminária – eu a expulso tentando não lhe causar nenhum
dano... Penso na Noite Escura da Alma, no sentimento de culpa que obscurece
tudo, que apressa o cair da noite e a torna mais longa, fria e escura... Penso no
castigo e no perdão, duas coisas que não tem razão de existir a não ser pela culpa...
Culpa – cul.pa sf (lat
culpa) 1 Ato repreensível ou criminoso. 2 Responsabilidade
por um ato ou omissão repreensíveis ou criminosos: "Culpa é toda
violação de um dever jurídico" (C. Beviláqua). 3 Consequência de se
ter feito o que não se devia fazer. 4 Delito, crime. 5 Causa de
um mal. 6 Pecado. (Michaelis dicionário de português online)
Assim, na
seca, é fácil. Afinal são apenas palavras, não dão conta do sentimento que
corrói o ser por dentro, não individuam as coisas, não traduzem o sofrimento de
quem se sente culpado nem os propósitos e motivos – justos ou não – de quem
atribui a culpa. São definições genéricas, aproximações, tentativas da
linguagem de cercar o assunto, não a coisa em si. Não bastassem as dificuldades
próprias da vida, há sempre alguém para nos mostrar como somos culpados ou
culpáveis, como merecemos o castigo
e não merecemos a recompensa... Faça
ou não sentido, temos a tendência de acreditar, porque são quase sempre pessoas
a quem respeitamos e admiramos, pessoas a quem damos espaço e permissão no
papel de amigos, mestres ou conselheiros e que acabam por se achar no direito
de agirem como juizes de um tipo que não precisa explicar nem a decisão que
tomam a nosso respeito e nem a natureza da culpa pela qual estão nos
condenando. Nos fazem sentir
culpados de crimes dos quais antes nos julgávamos inocentes – ou, mais ainda –
nos atribuem culpas que nem mesmo sabíamos que existiam ou poderiam existir.
(final da tarde, quase 20h pelo
horário de Verão – 1º de janeiro de 2013: um arco-íris desenhou-se no céu de
Curitiba. Isto parece um bom presságio para o ano que está começando).
Equilibrar-se na beirada do abismo é viver no
quase, é como caminhar sobre o fio de uma navalha estendida como ponte sobre a vastidão sem fundo: o que era já passou, o que está vindo a ser ainda não é. Tudo
o que resta é o presente, o abismo ameaçador, o vento frio e a insegurança de
um momento único e que pode ser o último...
(quase parece haver um plano, uma unidade nesses textos que estão sendo aqui postados. Ainda há bastante para se falar sobre a culpa e seus desdobramentos naturais, o castigo e o perdão... Generalidades a caminho de particularidades. Vamos delimitar a paisagem antes de fazer o reconhecimento dos elementos particulares dela)
(quase parece haver um plano, uma unidade nesses textos que estão sendo aqui postados. Ainda há bastante para se falar sobre a culpa e seus desdobramentos naturais, o castigo e o perdão... Generalidades a caminho de particularidades. Vamos delimitar a paisagem antes de fazer o reconhecimento dos elementos particulares dela)
a culpa!! quanto já alimentamos essa energia, né? Eu quero é estar no presente, respirar e saber que estou fazendo essa "bobagem", respirando e isso somente é oq ue existe o resto..vem no sopro do vento frio ou morno, depende das paragens!!
ResponderExcluirIlustre amigo, grande honra estarmos nessa paragem juntos. Beijoca
Cacinha
Concordo em gênero, número e grau contigo, Cacinha. A gente não tem que alimentar uma coisa como essa, mas parece bom tentar entender, dissecar, "cercar por todos os lados". A culpa é o inimigo - ou um dos inimigos, e (dizia Sun Tzu, de "A Arte da Guerra") se você se conhece e conhece a seu inimigo, a vitória é certa... Estou gostando deste espaço de reflexão aqui. Vamos em frente pelos caminhaos desta vida...
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